Duaine Rodrigues Do G1 AC
O que para muitos era um
sinal de esperança de dias melhores financeiramente recentemente tem se
transformado em um pesadelo, após a decisão da juíza da 2ª Vara Cível da
Comarca de Rio Branco, Thaís Borges, que julgou procedente uma ação do
Ministério Público do Acre e suspendeu os pagamentos e a adesão de novos
contratos à empresa de marketing multinível Telexfree, no dia 18 deste mês.
A decisão, que é válida
até o julgamento da ação principal, sob a pena de multa diária de R$ 500 mil,
foi mantida no dia 24, quando o desembargador Samoel Evangelista, do Tribunal
de Justiça do Acre (TJ/AC) indeferiu o pedido de revisão das sentenças
impetrado pelos advogados da Telexfree. A decisão deixou muitos divulgadores da
empresa preocupados com o futuro e com a possibilidade de serem prejudicados
por terem investido altos valores.
Um exemplo disso é o caso
da cabelereira Ana de Fátima, de 47 anos. Ela é divulgadora da Telexfree há
dois meses e vendeu um automóvel que possuía para investir todo o valor na
empresa pensando na formação profissional do filho, que estuda o último ano do
curso de medicina em uma faculdade da Bolívia.
Estou com meu dinheiro
preso e sem carro"
Ana Fátima
“Peguei meu carro, um Gol
modelo 2000, e vendi por R$ 12 mil para investir na Telexfree pensando que
quando ele terminasse a faculdade pudesse ter o dinheiro para poder investir na
sua revalidação. Agora, estou com meu dinheiro preso e sem carro. Ainda não
tirei o valor que investi. Estamos na esperança que a conta seja desbloqueada”,
comenta.
Segundo Ana, caso os
pagamentos continuem bloqueados ela não sabe o que será do futuro já que a
renda que tira como cabelereira não é suficiente para custear o ensino do filho
e o sustento mensal da família.
“Se não desbloquear não
sei o que vamos fazer sem dinheiro nenhum. Tenho uma renda cerca de R$ 1,6 mil
por mês e a faculdade custa R$ 1,2 mil. Com o investimento da Telexfree a
expectativa era receber cerca de R$ 2,4 mil por mês”, lamenta.
Quem vive situação
semelhante ou até mais crítica é Rondinelly da Silva Boaventura, de 33 anos,
que largou o emprego recentemente para se dedicar exclusivamente ao trabalho na
Telexfree.
Ele conta que investiu
aproximadamente R$ 30 mil há cerca de três meses, valor obtido também através
da venda de um carro, e ainda não recuperou o valor. Para completar, sua esposa
está gestante, o que deixa o divulgador ainda mais preocupado.
“O único bem que tínhamos
era um carro, investimos porque estava todo mundo dizendo que dava retorno, que
veio para ajudar, mas pelo que estamos vendo, infelizmente, estamos sendo
prejudicados. Se estamos ganhando dinheiro honestamente, não vejo necessidade
de acontecer esse tipo de situação do Poder Judiciário fazer isso com as
pessoas. Se a Telexfree não for liberada vamos ter que entregar nas mãos de
Deus. Ninguém sabe o que vai fazer”, afirma.
Já o divulgador Charles
Freitas, de 36 anos, que é corretor de seguros, investiu R$ 33 mil há sete meses. Ele diz que já conseguiu
recuperar o investimento, mas espera providências o mais rápido possível sobre
o caso.
“Pedimos que não tenhamos
o nosso direito cerceado, nem o de decidir, nem o de receber pelo que
trabalhamos. Acho que deve ser levado em consideração o livre arbítrio. Não
estou questionando de forma nenhuma a decisão da Justiça. Se o objetivo é
garantir o direito das pessoas, o direito do consumidor, acredito que nós não
estamos nos sentindo defendidos dessa forma. Quero trabalhar. Se existe alguma
irregularidade, que seja colocada às claras”, declara.
Divulgadora Telexfree
(Foto: Tácita Muniz/G1)Clemilda Andrade veio de Jaru (RO) para acompanhar o
caso da empresa na Justiça (Foto: Tácita Muniz/G1)
Divulgadora de Rondônia no
Acre: ‘Se a Telexfree fechar estou falida’
A comerciante Clemilda
Andrade, de 41 anos, é natural da cidade de Jaru, em Rondônia, situada a cerca
de 286 km de Porto Velho, capital daquele estado, e está em Rio Branco desde a
segunda-feira (24) para acompanhar o desenrolar do caso na Justiça acreana.
Clemilda relata que aderiu
a Telexfree em janeiro deste ano e, ao todo, já investiu cerca de R$ 180 mil.
Sem ainda recuperar o valor, ela teme pela falência em um futuro próximo, caso
a decisão da juíza Thaís Borges não seja revertida.
“Vendi meus bens porque
tenho um comércio, que estava falido porque não conseguia mais pagar impostos e
pagar funcionários. Para eu levantar o comércio, a única fonte que encontrei
foi a Telexfree. Consegui tirar metade do que foi investido, mas se a Telexfree
fechar estou falida. Nunca fiquei sem receber um dia, tenho trabalhado
bastante. Cadastrei quase 500 pessoas. Sou de Jaru e estou aqui porque preciso
desse dinheiro. No dia que parou, quando foi anunciado o bloqueio do empresa,
já desci para cá e só vou sair daqui quando essa situação for liberada",
garante a comerciante.
G1.
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