Na ocasião, representantes de
direito penal, administrativo, empresarial, do trabalho e constitucional
protestaram em frente ao conselho solicitando a anulação de questões e a
distribuição entre todos os candidatos das notas referentes aos itens
suprimidos. As primeiras reclamações dos examinandos surgiram após a OAB anular
duas questões da prova de direito civil e ceder dois pontos a todos os que
prestaram exame para área. De acordo com os estudantes das demais áreas, a
anulação feriu o princípio de isonomia entre os candidatos, estabelecido no
edital do exame.
Antônio Gilberto prestou exame
para direito trabalhista. Ele reclama da falta de informações no enunciado da
peça prático-profissional, comprometendo a resposta da questão, que vale cinco
pontos. “Não faço isso (a greve de fome) só por mim, mas por todos os jovens
que eu vi chorando aqui na segunda-feira, que foram reprovados por causa de
erros na correção das provas. Ou a OAB reconhece que errou, ou eu morro
aqui", diz o candidato, que está desde as 6h da manhã de terça-feira (6/8)
se alimentando apenas à base de água mineral e água de coco.
“Até os recursos que nós
protocolamos são respondidos com respostas eletrônicas da Fundação Getulio
Vargas (FGV). Parece que não houve avaliação, e, sim, uma fraude nesse exame. O
interesse da ordem é de que tanta gente seja reprovada só para poder arrecadar
dinheiro com as nossas provas”, acusa. Esta não é a primeira greve de fome de
Antônio Gilberto. Sindicalista, ele já acampou em frente a Assembleia
Legislativa de São Paulo durante 22 dias e outros 27 em frente ao Supremo
Tribunal Federal (STF). Na época, ele era presidente do sindicato da Fundação
Casa de São Paulo (antiga Febem) e reivindicava a reitegração de 1751
trabalhadores demitidos sem justa causa.
A todo momento chegam doações
de colchonetes, água e refrescos de outros candidatos que se solidarizam com a
greve de fome de Antônio. “Ele é um exemplo de que, se estivesse tudo bem com o
exame da ordem, não haveria tanta gente reivindicando”, comenta a candidata
Eliane Lucero, 53 anos, que fez prova para direito empresarial.
A Fundação Getulio Vargas é a
responsável pela elaboração e aplicação do exame em todo o território nacional.
Em 23 de julho, a OAB divulgou uma nota com base no parecer da fundação
rebatendo as críticas às questões dos exame.
O coordenador nacional do
exame, Leonardo Avelino, reitera que os únicos erros cometidos pela banca foram
as provas de direito civil e tributário. De acordo com Avelino, os candidatos
que se sentirem injustiçados, mesmo após a avaliação da instituição aos recursos
administrativos apresentados, devem entrar com pedido de revisão na Ouvidoria
da FGV apresentando o exame, o gabarito e a resposta do recurso.
“Os únicos erros aconteceram na
correção, o que é justificável porque temos um volume muito grande de provas
para examinar. Isso ocorre porque ninguém é perfeito, mas é uma preocupação da
ordem evitar isso”, afirmou o coordenador. Segundo Avelino, 1,4 mil reclamações
já foram protocoladas na Ouvidoria desde segunda-feira.
Sobre a greve de fome, o
coordenador aconselhou o candidato a estudar. “Se eu tivesse que conversar com
ele, o aconselharia a estudar. Ele tem todas as chances do mundo de passar, é
só tentar outra vez”, comentou.
Correio Braziliense
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