quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Em protesto contra o resultado do último exame, Antônio Gilberto da Silva não se alimenta há 34 horas

Antônio iniciou o jejum depois que depois que a entidade informou que não vai anular questões da prova (Ronaldo de Oliveira/CB/DA Press)O candidato do 10º exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Antônio Gilberto da Silva, 47 anos, está em greve de fome há 34 horas. Acampado em frente ao Conselho Federal da Ordem, no Setor de Autarquias Sul, ele protesta contra supostos erros cometidos na correção das provas da segunda fase do processo seletivo. O jejum teve início após o Conselho Superior da ordem decidir, em reunião na última segunda-feira (5/8), que o gabarito oficial do exame não seria mudado.



Na ocasião, representantes de direito penal, administrativo, empresarial, do trabalho e constitucional protestaram em frente ao conselho solicitando a anulação de questões e a distribuição entre todos os candidatos das notas referentes aos itens suprimidos. As primeiras reclamações dos examinandos surgiram após a OAB anular duas questões da prova de direito civil e ceder dois pontos a todos os que prestaram exame para área. De acordo com os estudantes das demais áreas, a anulação feriu o princípio de isonomia entre os candidatos, estabelecido no edital do exame.

Antônio Gilberto prestou exame para direito trabalhista. Ele reclama da falta de informações no enunciado da peça prático-profissional, comprometendo a resposta da questão, que vale cinco pontos. “Não faço isso (a greve de fome) só por mim, mas por todos os jovens que eu vi chorando aqui na segunda-feira, que foram reprovados por causa de erros na correção das provas. Ou a OAB reconhece que errou, ou eu morro aqui", diz o candidato, que está desde as 6h da manhã de terça-feira (6/8) se alimentando apenas à base de água mineral e água de coco.

“Até os recursos que nós protocolamos são respondidos com respostas eletrônicas da Fundação Getulio Vargas (FGV). Parece que não houve avaliação, e, sim, uma fraude nesse exame. O interesse da ordem é de que tanta gente seja reprovada só para poder arrecadar dinheiro com as nossas provas”, acusa. Esta não é a primeira greve de fome de Antônio Gilberto. Sindicalista, ele já acampou em frente a Assembleia Legislativa de São Paulo durante 22 dias e outros 27 em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na época, ele era presidente do sindicato da Fundação Casa de São Paulo (antiga Febem) e reivindicava a reitegração de 1751 trabalhadores demitidos sem justa causa.

A todo momento chegam doações de colchonetes, água e refrescos de outros candidatos que se solidarizam com a greve de fome de Antônio. “Ele é um exemplo de que, se estivesse tudo bem com o exame da ordem, não haveria tanta gente reivindicando”, comenta a candidata Eliane Lucero, 53 anos, que fez prova para direito empresarial.

A Fundação Getulio Vargas é a responsável pela elaboração e aplicação do exame em todo o território nacional. Em 23 de julho, a OAB divulgou uma nota com base no parecer da fundação rebatendo as críticas às questões dos exame.
O coordenador nacional do exame, Leonardo Avelino, reitera que os únicos erros cometidos pela banca foram as provas de direito civil e tributário. De acordo com Avelino, os candidatos que se sentirem injustiçados, mesmo após a avaliação da instituição aos recursos administrativos apresentados, devem entrar com pedido de revisão na Ouvidoria da FGV apresentando o exame, o gabarito e a resposta do recurso.

“Os únicos erros aconteceram na correção, o que é justificável porque temos um volume muito grande de provas para examinar. Isso ocorre porque ninguém é perfeito, mas é uma preocupação da ordem evitar isso”, afirmou o coordenador. Segundo Avelino, 1,4 mil reclamações já foram protocoladas na Ouvidoria desde segunda-feira.


Sobre a greve de fome, o coordenador aconselhou o candidato a estudar. “Se eu tivesse que conversar com ele, o aconselharia a estudar. Ele tem todas as chances do mundo de passar, é só tentar outra vez”, comentou.

Correio Braziliense

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